Todo mundo quer ser bet: Globo Grupo Silvio Santos e Flamengo planejam suas próprias casas de apostas InvestNews
Ministério da Fazenda projeta 220 novas bets a partir de janeiro de 2025
Todo mundo quer ser bet: Globo, Grupo Silvio Santos e Flamengo planejam suas próprias casas de apostas
Ministério da Fazenda projeta 220 novas bets a partir de janeiro de 2025
porGreg Prudenciano3 de setembro de 20247 minMais de 100 empresas correram para apresentar à Fazenda os documentos necessários para começar a operar já na abertura do mercado regulado, em 1º de janeiro de 2025. Como cada empresa pode registrar até três marcas, a pasta projeta que 220 sites diferentes serão autorizados só nessa primeira leva.
Entre as candidatas estão a BetMGM, parceria entre a empresa de cassinos e hoteis MGM Resorts e o Grupo Globo, que é o maior grupo de comunicação do Brasil. No comunicado em que anunciaram a sociedade, MGM e Globo disseram que o objetivo é trazer a BetMGM, que já atua nos EUA e no Reino Unido, a um mercado regulado que está entre “um dos mais recentes e de rápido crescimento do mundo”.
“O Brasil tem mais de 20 milhões de apostadores ativos, que representam um mercado estimado em mais de US$ 3 bilhões R$ 17 bilhões – e com crescimento de dois dígitos todos os anos”, diz a nota.
LEIA MAIS: Não é só esporte: 80% da receita das bets vem de jogos de cassino virtual
A ideia aqui é juntar a experiência da MGM no mundo dos jogos com a audiência das empresas da Globo, que alcançam diariamente 70 milhões de pessoas no Brasil.
Outro player tradicional que está de olho no mercado das bets é o Grupo Silvio Santos (GSS), que tenta colocar de pé a Todos Querem Jogar (TQJ). A expectativa é que o GSS repita no mundo das bets o modelo que construiu o patrimônio bilionário da família Abravanel: utilizar suas empresas de comunicação, como o SBT, para converter em consumidores – ou apostadores – quem assiste a programação de sua emissora de TV.
Em nota, o GSS disse que a TQJ terá “a expertise de 65 anos com Baú da Felicidade e Tele Sena para dar um novo passo no mercado regulamentado de apostas no Brasil”.
Para Plínio Jorge, da ANJL, a aproximação entre grandes grupos de comunicação e o mercado de apostas chega a ser óbvia. “O que faz o impulsionamento da indústria das bets é a visibilidade; é a propaganda massiva”, afirma. Para pontuar, Plínio lembra que profissionais de marketing compõem a maior parte dos quadros de funcionários dessas empresas. Ter “dentro de casa” ferramentas de distribuição de conteúdo que atingem milhões de brasileiros representaria uma grande vantagem frente à concorrência.
Já se fala também em “consolidação das bets”, como no jargão do mercado financeiro para fusões e aquisições. Para a ANJL, esse processo deve ganhar velocidade em breve.
Assim, a multiplicação das bets num primeiro momento deve levar a uma “seleção natural” num segundo momento. Nesse ambiente de lei do mais forte, as casas de apostas controladas por grandes grupos empresarias levarão vantagem. Melhor ainda se esses proprietários forem também donos de veículos de comunicação e tiverem estruturas financeiras e modelos de negócios robustos, diversificados.
O caso Flabet
Neste mês, o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou a criação da Flabet. A decisão gerou polêmica: as regras da Fazenda impedem que clubes de futebol atuem no mercado de apostas esportivas.
A legislação tenta evitar conflitos de interesse e blindar os esportes dos já conhecidos escândalos de manipulação de resultados, que no Brasil já deram origem até uma investigação no Congresso Nacional, a CPI das Apostas.
Nota: a lei (em seu artigo 18) também proíbe que empresas detentoras de direitos de transmissão de jogos tenham suas próprias bets, mas não deixa claro o que acontece no caso de uma sociedade, como a da Globo com a MGM. Para isso que existem advogados.
O Flamengo, por exemplo, pretende driblar a restrição licenciando a marca Flabet para a Pixbet, que é patrocinadora do clube e uma das maiores casas de apostas do Brasil. Seria um jeito de ser a bet do Flamengo sem ser a bet do Flamengo.
Se não for barrada pelo governo ou pela Justiça e a Flabet prosperar, pode servir de incentivo para que outros clubes de futebol sigam pelo mesmo caminho.
E nem seria preciso se associar a uma grande casa de apostas que já opere no mercado. A parte técnica já vem pronta, como vamos ver abaixo.
Uma bet para chamar de sua
Há grandes plataformas internacionais que oferecem bets “white label”, isto é, estruturas digitais praticamente prontas para entrar em funcionamento. Basta comprar uma delas, escolher os jogos que farão parte do catálogo, associar a um domínio, escolher os meios de pagamento e voilà, nasce uma bet.
Empresas como a PlayTech desenvolvem as plataformas, que podem ser compradas com poucos cliques. Outras companhias, como a PGSoft, criam os joguinhos. É possível até já contratar um combo (plataforma + jogos).
De certa forma, toda esta cadeia industrial de produção de bets se torna sócia das próprias casas de aposta: elas são remuneradas com uma parte do faturamento. Todo mundo ganha um pedacinho.
O último passo é escolher o meio de pagamento, empresas que precisam estar autorizadas pelo Banco Central. São elas que fazem a administração das contas dos usuários e reportam as movimentações ao BC. Também é a partir delas que são cobrados os impostos.
Há players menos conhecidos nesse mercado, como a WePayment, a Paag e o Zro Bank. Com a regulamentação, instituições financeiras tradicionais também estão entrando. Plínio Jorge, da ANJL, cita o BTG Pactual como uma dessas empresas – o banco de investimentos não quis falar sobre o assunto com o InvestNews.
Este novo momento do mercado das bets terá uma marca mais visível. Só as bets devidamente autorizadas – as que cumprirem todos os requisitos estabelecidos, incluindo o pagamento dos R$ 30 milhões ao governo – poderão operar com o domínio .bet. Ele vai distinguir as autorizadas das que, por qualquer motivo, ainda não estiverem 100% alinhadas à regulamentação. O objetivo do governo é criar uma espécie de “selo de qualidade”, o que pode até acelerar a consolidação.
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